Urubú-rei

Ave falconiforme da família dos catartídeos (Gypagus papa). Caracteriza-se pelo colorido variado de sua plumagem.

Vivendo à base de carne putrefata, embora também comam frutas, detritos diversos e eventualmente até excrementos, os urubus realizam uma importante tarefa sanitária. Seu suco gástrico é bioquimicamente tão ativo que neutraliza os efeitos das toxinas da carniça e das bactérias sobre seu organismo, anulando assim o perigo de infecções decorrentes da ingestão de coisas podres.

Urubu é nome comum de algumas aves da ordem dos falconiformes, família dos catartídeos, que ocorrem no continente americano do Canadá à Argentina. Seus correspondentes, no Velho Mundo, são os abutres da família dos acipitrídeos, dos quais os urubus se distinguem por certos traços de comportamento e por características anatômicas secundárias.

A espécie mais vista no Brasil, freqüente em bandos nas periferias urbanas, é o urubu-de-cabeça-preta ou urubu-comum (Coragyps atratus), de 62cm de comprimento e 143cm de envergadura, cuja plumagem negra apresenta discretas áreas esbranquiçadas nas extremidades das asas. A cabeça e o pescoço, nus, são cinza-escuros.

O urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura), também chamado de urubu-peru, jereba, urubu-caçador ou urubu-campeiro, de 56cm de comprimento e 180cm de envergadura, tem as asas e a cauda bem mais compridas e estreitas que as do urubu-comum. Raro em cidades, é típico de matas e campos de todo o Brasil. Além da cabeça, tem também o pescoço vermelho ou cor-de-rosa. Bem semelhante a ele, embora um pouco menor, é o urubu-de-cabeça-amarela ou urubu-peba (Cathartes burrovianus), mais comum no Nordeste e na Amazônia.

Nas mesmas regiões, e também no Centro-Oeste, ocorre o urubu-rei (Sarcoramphus papa), também chamado de urubu-branco ou corvo-branco, de 79cm de comprimento e 180cm de envergadura. Tem asas largas, com plumagem preta e branca, de padrão quase igual nas duas faces, e voa a grandes alturas, sempre distante das cidades. A cabeça e o pescoço, nus, são arroxeados. Sobre o ceroma, membrana que reveste a base do bico, há uma excrescência carnosa alaranjada, maior no macho. Na base do pescoço, nota-se um colar de penas cinzentas.

Com os sentidos da visão e do olfato particularmente apurados, os urubus localizam de muito longe as matérias em decomposição das quais se nutrem. Um alvo de apenas trinta centímetros pode ser detectado por eles de uma altura de três mil metros. Abandonando-se às correntes ascendentes de ar quente, são capazes de elevar-se com um dispêndio mínimo de energia, e mostram-se exímios nos longos vôos planados, que ora são apenas passeios, ora viagens de inspeção para localizar a presença de comida ao redor.

Os machos assumem posturas bem definidas para cortejar as fêmeas, pulando no chão de asas abertas, abrindo e fechando as asas ou lançando-se com estrépito, para encontrá-las, em vôos nupciais efetuados a pique. O urubu-comum é o mais sociável dos catartídeos e seus casais, no meio de um bando, se mantêm unidos.

Os ninhos, sempre camuflados, são feitos entre rochas, em árvores ocas, no topo de palmeiras. As fêmeas põem de dois a três ovos brancos (Sarcoramphus) ou manchados (Coragyps, Cathartes). O período de incubação, conforme a espécie, varia de 32 a 56 dias. Os filhotes, a princípio cobertos de penugem branca, são alimentados pela mãe e o pai, durante meses, com comida liquefeita.

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